Num bate-papo sobre tradução literária, o prof. Petê Rissatti (tradutor do inglês e do alemão) e o prof. José Luis Sánchez (espanhol que traduz do português e do francês) relatam a sua primeira experiência como tradutores literários, elencam as principais caraterísticas que devem ter os aspirantes a trabalhar nesta área, falam sobre o processo no mercado de trabalho e dão muitas dicas interessantes para os apaixonados pela literatura.

Vemos bastantes coincidências entre eles: ambos traduziram livros eróticos no início da carreira, antes de traduzir grandes nomes da literatura, também foram finalistas do prêmio Jabuti de tradução e os dois traduziram prêmios Nobel chineses, o prof. Petê do inglês e o prof. José do francês.

Petê Rissatti traduziu Franz Kafka, George Orwell, Ray Bradbury, entre muitos outros. Ele é professor de Tradução Literária no curso de pós-graduação em Tradução de Inglês da Estácio (EAD e presencial). José Luis Sánchez traduziu Machado de Assis, Vinicius de Moraes, José de Alencar, Cervantes, entre outros, e é autor de 5 dicionários bilíngues. Ele é professor e coordenador dos cursos de pós-graduação em Tradução da Estácio (EAD e presencial).

O caminho para chegar a traduzir literatura

Algumas pessoas acham que, para traduzir literatura, é suficiente com conhecer a língua estrangeira. Mas isso é só uma pequena parte da formação do tradutor. Como menciona o professor Rissatti, “a primeira coisa que deve fazer quem estiver interessado em ser tradutor literário profissional é estudar muito. Depois, o pré-requisito é o apreço pela leitura. O tradutor literário precisa ler muito. Precisa ter muita criatividade e uma grande bagagem de leitura”. Os dois coincidem que o amor pela literatura é a principal caraterística dos tradutores literários.

Com relação a como conseguir traduzir um livro importante, ambos comentam que é muito difícil alguém que acabou de terminar os estudos de tradução receber logo a proposta de traduzir um grande autor. “Isso é sempre um processo em que você começa traduzindo livros mais simples e, à medida que você vai trabalhando e as editoras gostam do seu trabalho, vai conseguindo livros melhores”, diz Sánchez.

Os dois destacam que uma grande vantagem deste trabalho, além da liberdade de trabalhar em qualquer lugar e fazer o seu horário é que sempre aprende coisas novas. “Continuo aprendendo sempre, não só palavras. A gente não lê como um simples leitor, a gente mergulha nos livros para descobrir estruturas, coisas novas que vão servir na profissão”, comenta o espanhol.

“Eu sempre digo isso aos alunos. Eu estou há mais de 20 anos mexendo com textos e uns 15 trabalhando com tradução e não teve um dia na minha vida profissional que eu não aprendi uma palavra nova, uma estrutura nova ou uma maneira nova de traduzir. É um trabalho que não é nada tedioso, bem pelo contrário. Cada livro é uma aventura nova”, acrescenta Petê. Ele também recomenda trabalhar no entorno da tradução antes de traduzir, como revisor, como preparador de textos etc. “Aí eu vi muito o que fazer e o que não fazer dentro de uma tradução. Isso, obviamente, depois de estudar tradução ou fazer a especialização”, comenta o professor Rissatti e termina dizendo:

“Traduzir um autor, ser a voz desse autor, é uma responsabilidade muito grande”.

Vejam o bate-papo entre estes dois grandes tradutores na íntegra:

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